O vento balança suavemente as folhas das árvores. Folhas amareladas. E elas vão caindo aos poucos. É fim de tarde. O céu combina com a cor das folhas. Ele está naquele tom vermelho/amarelado. E a noite vem chegando devagar.
Os pássaros voam em bando a procura de uma árvore, talvez aquela primeira, para que possam passar a noite. Eles voam e cantam. A mistura deles, de suas cores, tipos e cantos é uma bela orquestra com uma fotografia quase indescritível.
Agora a noite sobe depressa. A bela sinfonia antes escutada vai diminuindo.
Chega você, noite misteriosa, quase imperceptível e sussurra em forma de assobio do vento dizendo que hoje vai ser diferente.
As horas passam e poucas pessoas andam pelas ruas, antes carregadas de carros, pensamentos e sentimentos. As luzes vão diminuindo.
Mas ao longe te vejo. Ah! Como brilha! Um parque. Você está a balançar, sento-me junto e lá ficamos; quietos. A noite passa diante dos seus olhos e a vida diante dos meus.
Agora é o sol quem nasce, “desvirginando a madrugada”. Estou nua e os carros voltam a passar. Uma sensação de leveza toma o corpo de quem passou a madrugada deliciando-se de seus ares, segredos e pecados. É um ar leve.E o sol vem iluminar a realidade.
Volto para casa a pé. Um passo de cada vez, com a cabeça ora erguida, ora não. Chego embriagada. Sou santa, sou o pecado. Sou eu, se pergunta. Mas afinal, quem és tu?
Me ajeito nos seus braços e adormeço no sono mais profundo. É você quem procurei a noite toda... Agora você me toma nos braços. Sou sua.
Boa noite meu "mocinho".