quinta-feira, 25 de setembro de 2008

O mundo está de pernas pro ar. Que mundo? O meu ou o seu? De novo, tudo ao contrário. Menino que medo. Tudo é brinquedo. Na mão de um, de dois. Cadê o sentido?
Olha João! Menino dos olhos, está em meus sonhos... Bola, palhaço... sorriso de aço. Tudo é festa. Mas ele não entra porque é de plástico. Uma diferença sutil... De novo pergunto, cadê o sentido?
Sentido da vida. Me perdi. Mas dessa vez não foi para encontrar alguém. De alguéns estou farta. De mim que preciso. Cuidar. As flores estão por aí. Se rimei, foi por acaso. De caso em caso, perdi o sentido.
E de quem ele é? Perdi a razão. Que sorte! De surto em surto rabisco o mundo. Que medo! Já é primavera e o frio está chegando. Que loucura!
Assisto a um filme de guerra. Comercial. Tanques russos atancando outro país. Pera aí. Voltou o filme? Não, é o noticiário. Pronto, agora vem uma propaganda com mulheres semi-nuas de uma cerveja qualquer, para amenizar a notícia anterior. Agora pergunto, de quem é a loucura e cadê o sentido? Do mundo...
Olhos azuis ou seriam verdes? Me olhe além dos olhos, e me veja no ponto cego da sua retina. Sou mais do que isso. Me veja por dentro.
O que acontece comigo? De tempos em tempos, começo tudo de novo.
Madalena... seu pranto originou uma música. E seu nome descolou do papel e virou sujeito. De que jeito? Menina, criança, sua inocência é a esperança do mundo.
E o meu pranto? Aonde dará?
A verdade é de quem?
Bate bola, bate papo. Um papo controverso. O inverso é sensato.
A lógica da mente é a loucura dos povos. Sem razão. Cadê meu chão?
Shiuu! Faça silêncio. A menina precisa dormir. O pecado já é esperado. Maria não brinca mais de peteca. Só peca? A infância já virou adolescente e o adulto não cresce mais.
"Nos deram espelhos e vimos um mundo doente." Cadê a praga que mata? De epidemias a pandemias, nasce o lirismo torto do mais novo pós-modernismo estampada nas telas de LCD. E as crianças vidradas assistem a tudo. Cadê o pensamento? Ninguém sente. Ninguém vê.

domingo, 14 de setembro de 2008

À minha amiga Mara
e ao F.Y.M.

Vento no litoral
de tarde quero descansar,
chegar até a praia e ver
se o vento ainda está forte
e vai ser bom subir nas pedras
sei que faço isso pra esquecer
eu deixo a onda me acertar
e o vento vai levando tudo embora...

agora está tão longe
vê, a linha do horizonte me distrai[...]


e quando eu vejo o mar,
existe algo que diz,
que a vida continua
e se entregar é uma bobagem
já que você não está aqui,
o que posso fazer é cuidar de mim
quero ser feliz ao menos
lembra que o plano era ficarmos bem?

eu deixo a onda me acertar
e o vento vai levando tudo embora...

domingo, 7 de setembro de 2008

Minha cidade semi-natal...


O telefone tocou. Alô? Manhê, é pra você. É um tal de Maldonado. Conversaram, vi uma certa preocupação. Ela ligou para o meu pai, conversaram. Em seguida ligou para o meu avô!
O que aconteceu mãe?

***

Fui viajar para São José nessas férias e não sabia exatamente o que ou quem ia encontrar lá. Nove anos lá e oito anos cá. Acordei assim que entramos na cidade, com o chacoalhar do carro por causa do paralelepípedo. Há muito tempo não acordava sorrindo, mas dessa vez os meus olhos sorriam comigo!Chegando lá, fui envolvida por uma brisa de gostosas lembranças. Tudo e nada estavam como há 8 anos...
(In)felizmente vendemos a casa. A casa onde cresci. O palco mais importante da minha vida. Ainda não sei dizer se foi bom ou não, pois a casa era como um vínculo com a cidade, um vínculo direto com o meu passado.
Ao entrar na casa, toda empoeirada, senti uma coisa muito estranha. Como se cômodos dela me trouxessem de volta os cômodos preenchidos, como eram antigamente... Eu vi a parede que juntava a diferença fazendo de lá um lugar só. Uma caixinha de surpresa, cheia de brinquedos, aventuras, historinhas e muita gargalhada. Vi o vão da porta da cozinha, que eu e a Ka subíamos...
Várias vezes uma teimosa lágrima tentou escapar de meus olhos...

Subi lá no terraço e olhei a cidade de cima. Respirei fundo: ar limpo! E fiquei olhando, até onde meus olhos conseguiam alcançar.

Fui então dar uma volta pela cidade. A praça e a igreja da matriz são o cartão postal da cidade, na verdade de qualquer cidade pequena. Mas para mim, o cartão postal é o coreto... Ah, esse coreto! Todo domingo a banda tocava no coreto desse jardim. E eu pititiquinha subia no murinho só pra ver a banda tocar...

Como um lugar pode provocar tantas lembranças? Elas estavam tão bem guardadas...
Tanto a casa como a cidade testemunharam muita coisa, tantas estórias e brincadeiras, testemunharam a vida sendo vivida do jeito que tem que ser.


Para muitos é só mais um texto sobre o passado desconhecido de alguém, que só fazem sentido para quem conhece, acompanhado por fotos mal tiradas. Mas para mim é muito mais que isso. Sou fruto do meu passado, sou fruto dessas fotos, e só com sua existência pude preencher este espaço.


Falo muito do meu passado e me prendo muito a ele. Um problema, eu sei. Do presente sinto falta da vida que me fazia viva.
Enfim, ainda volto pra te visitar, minha querida cidade semi-natal!
E na volta, deixei que a lágrima caísse... e fui cantarolando na minha cabeça "e lá de longe, a gente ouvia a tuba do Serafim..."