quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Penso naquele dia, naquele momento. As suas palavras tão carregadas de sentido e sentimento quando você disse adeus.

"E a gente vai se encontrar...
Não importa em que esquina eu me perca, em que viela eu me esqueça.
Na vida é assim, a gente encontra e desencontra... consigo e contigo.
Nunca foi tão breve meu caminho. Nunca foi, não, nunca.
Nos passos do tempo eu me entendo...
Não me espere. Quando a gente espera, a gente se desespera.
Desesperar nos dois sentidos. Naquele primeiro, da palavra em si: desesperar, enlouquecer, esvainecer; que traz angústia e medo. E aquele outro, quando desintegramos a palavra: des-esperar = não esperar
Então o próprio deseperar já nos diz que não é para esperar pois ele causa loucura, devaneios...
A desesperança, lembra?
A maré está alta e o vento está forte. E eles me levam hoje.
Por favor, não chore..."

As suas mãos, trêmulas, me tocavam o rosto. Um olhar vazio, é a única coisa que vejo.
E suas palavras vão perdendo o sentido da razão

"Não sinta medo. Eu não sinto. Alías eu não sinto mais nada. A esse mundo não pertenço mais.
E se insistir em ficar, vou me perder, perder a paz. Paz que eu insisto em encontrar.
A música diz: só precisamos respirar.
Me falta ar, num mundo cheio de O2 e CO2"

Sua voz já falha... E ninguém percebeu que atrás daquele sorriso escorria uma lágrima. E a lágrima era de sangue, a lágrima era do nosso sangue. Não azul, mas um vermelho forte, quase preto.
"O achincalhado palhaço que chora manchado de sangue." TARDIVO, R. Essa frase nunca fez tanto sentido como faz agora... Intensa, pesada!
Agora as lágrimas são minhas...

"Não chore. Não sinta medo. Nada mais preciso. Assim como o vento leva, o vento traz. Vejo você, agora de longe, estendendo uns lençóis no varal. Crianças, nossas crianças, brincando entre eles. Que risada gostosa!
É entre esses lençóis brancos, estendidos em área aberta, com a grama verde recém cortada e um céu azul, que acontecem os encontros, mesmo que não reais, mas subjetivos.
Num dia, quando você menos esperar, eu vou aparecer por entre esses lençóis... porque a gente vai se encontrar."

Você se foi, mais cedo do que nunca. Te espero? Não sei, mais ainda sim me desespero! O tempo fechou, mas mesmo assim há lençóis no varal todos os dias.

sábado, 29 de novembro de 2008

os violinos tocam

Já era noite quando eles se encontraram. 7 horas era o combinado, ela chegou 15 minutos atrasada como de costume. Mas hoje ele não está com a paciência e o bom humor de sempre, está aflito. Ao invés de palavras doces e aquele delicado beijo, trocam apenas olhares, frios. Ele solta apenas duas palavras, soltas, separadas de qualquer contexto: "de novo".
Entram no restaurante, o maitre já os conhece, sorri.
A tensão entre eles está perceptível aos olhos de todos.
A mesa está pronta. Eles entram. Hoje ele não puxou a cadeira. Enquanto ela se ajeita, ele já vai pedindo a bebida.
- Que pressa é essa, ela pergunta.
Só o silêncio responde, aquele silêncio que dói, que transforma os minutos em horas, aquele silêncio que agonia.

O garçom traz Whisky com gelo para ele. O casal já tem o pedido.
Agora é a espera. Ela insiste numa conversa.
- Como foi o trabalho, meu bem?
A princípio, ele nada responde. Alguns segundos se passam e ele responde cortando a conversa:
- Dia difícil.
Silêncio. Aquele mesmo citado anteriormente.
Nervosa, com a mão direita brinca com o guardanapo de pano, que logo coloca em seu colo.
Ele permanece sério, quase não se move.
Ela olha para os lados, para cima, para baixo. Para ele...
- Desculpe-me pelo atraso. Foi o trânsito.
Ele nada responde.
Ela volta a falar.
- Foi o trânsito, eu juro. Tentei sair mais cedo do trabalho mas não consegui.
Ele nada responde.
- Você não vai responder? Estou falando com você.
Ele nada responde.
Ela finalmente se cala, e resolve esperar em silêncio pela comida.

A comida finalmente chega.

A raiva, a tensão, a angústia, ou seja lá o que eles estavam sentindo, já tomou conta do espaço que os separam.

Ela tenta comer.
Ele mal a olha. É como se estivesse sozinho. Em seu rosto não há movimento, não há expressão.
Ela, cabisbaixa, com o garfo na mão, mexe a comida. Já não tem fome, não tem mais vontade de comer. Está triste, pensativa. "será que ele não me vê?!"

Ele acaba de comer e pede a conta, sem mesmo perguntar a ela se havia terminado.
Levantam, caminham até o lado de fora do restaurante, onde esperam o manobrista trazer os carros.
Lá, ele a veste delicadamente com seu casaquinho. Chega perto de seu ouvido e diz algumas poucas palavras.
Os olhos dela se enchem de lágrimas, e antes que elas pudessem escorrer pelo seu rosto, seus olhos são fechados e eles se beijam...

os violinos voltam a tocar

sábado, 22 de novembro de 2008

10 horas da manhã

Ela entra na sala. Eles sentam um de frente para o outro. Conversam...
Passa 1 hora, e ela sai como entrou

1 hora se olhando, 1 hora trocando palavras, 1 hora perdida...
Volta para casa, volta para sua vida, vazia. Sem expectativas, sem rumo, sem sentido... instintivo!

Permita-se, digo.

10 horas da manhã

Ela entra na sala. Dia diferente. Ela trouxe tanta coisa pra falar. Mas não falou.
Como sempre sentaram um de frente para o outro. Não só conversaram... viveram.
Passa 1 hora, e ela sai, como nunca havia saído antes

1 hora se olhando, 1 hora aprendendo, 1 hora... ah, muito obrigada, realmente foi um presente!
Volta para casa, volta para a sua vida, viva. Pensativa, nova, diferente... bem estar!

Permita-se! Vivo.

sábado, 8 de novembro de 2008

Hope...

Hoje venho escrever nua
venho despida de qualquer preconceito
com uma suavidade na voz
e uma paz no coração

Hoje desapego de todas as minhas crenças e meus beliefs
sinto um frio que se mescla com o calor do meu coração
e de repente sinto um vazio

Está chovendo lá fora
eu saio e as lágrimas se (con)fundem com as gotas
fazia tanto tempo que eu não tomava chuva
respiro fundo, olho para cima e fecho os olhos
tudo que tinha sentido, deixou de fazer
e tudo que não fazia, passou a ter

domingo, 12 de outubro de 2008

mente;
eu preciso que ela funcione
e se isso acontecer...

lágrima;

eu preciso que ela caia...

e que leve com ela esta angústia
que me toma por inteira

olhos;
eu preciso que você abra
e veja a graça do mundo
novamente

coração;
eu preciso que ele bata(não só por bater)
eu preciso que ele traga
a minha vontade de viver

Não é uma poesia, nem uma tentativa, é só um meio de jogar no mundo, o que não cabe mais aqui. Um pedido, S.O.S., sem forças...

Mente;

que me leve
e quando isso acontecer...

Olhos;
que estejam bem fechados...

Lágrimas;
não precisam mais escorrer...

Coração;
pronto, pode parar bater...

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

O mundo está de pernas pro ar. Que mundo? O meu ou o seu? De novo, tudo ao contrário. Menino que medo. Tudo é brinquedo. Na mão de um, de dois. Cadê o sentido?
Olha João! Menino dos olhos, está em meus sonhos... Bola, palhaço... sorriso de aço. Tudo é festa. Mas ele não entra porque é de plástico. Uma diferença sutil... De novo pergunto, cadê o sentido?
Sentido da vida. Me perdi. Mas dessa vez não foi para encontrar alguém. De alguéns estou farta. De mim que preciso. Cuidar. As flores estão por aí. Se rimei, foi por acaso. De caso em caso, perdi o sentido.
E de quem ele é? Perdi a razão. Que sorte! De surto em surto rabisco o mundo. Que medo! Já é primavera e o frio está chegando. Que loucura!
Assisto a um filme de guerra. Comercial. Tanques russos atancando outro país. Pera aí. Voltou o filme? Não, é o noticiário. Pronto, agora vem uma propaganda com mulheres semi-nuas de uma cerveja qualquer, para amenizar a notícia anterior. Agora pergunto, de quem é a loucura e cadê o sentido? Do mundo...
Olhos azuis ou seriam verdes? Me olhe além dos olhos, e me veja no ponto cego da sua retina. Sou mais do que isso. Me veja por dentro.
O que acontece comigo? De tempos em tempos, começo tudo de novo.
Madalena... seu pranto originou uma música. E seu nome descolou do papel e virou sujeito. De que jeito? Menina, criança, sua inocência é a esperança do mundo.
E o meu pranto? Aonde dará?
A verdade é de quem?
Bate bola, bate papo. Um papo controverso. O inverso é sensato.
A lógica da mente é a loucura dos povos. Sem razão. Cadê meu chão?
Shiuu! Faça silêncio. A menina precisa dormir. O pecado já é esperado. Maria não brinca mais de peteca. Só peca? A infância já virou adolescente e o adulto não cresce mais.
"Nos deram espelhos e vimos um mundo doente." Cadê a praga que mata? De epidemias a pandemias, nasce o lirismo torto do mais novo pós-modernismo estampada nas telas de LCD. E as crianças vidradas assistem a tudo. Cadê o pensamento? Ninguém sente. Ninguém vê.

domingo, 14 de setembro de 2008

À minha amiga Mara
e ao F.Y.M.

Vento no litoral
de tarde quero descansar,
chegar até a praia e ver
se o vento ainda está forte
e vai ser bom subir nas pedras
sei que faço isso pra esquecer
eu deixo a onda me acertar
e o vento vai levando tudo embora...

agora está tão longe
vê, a linha do horizonte me distrai[...]


e quando eu vejo o mar,
existe algo que diz,
que a vida continua
e se entregar é uma bobagem
já que você não está aqui,
o que posso fazer é cuidar de mim
quero ser feliz ao menos
lembra que o plano era ficarmos bem?

eu deixo a onda me acertar
e o vento vai levando tudo embora...

domingo, 7 de setembro de 2008

Minha cidade semi-natal...


O telefone tocou. Alô? Manhê, é pra você. É um tal de Maldonado. Conversaram, vi uma certa preocupação. Ela ligou para o meu pai, conversaram. Em seguida ligou para o meu avô!
O que aconteceu mãe?

***

Fui viajar para São José nessas férias e não sabia exatamente o que ou quem ia encontrar lá. Nove anos lá e oito anos cá. Acordei assim que entramos na cidade, com o chacoalhar do carro por causa do paralelepípedo. Há muito tempo não acordava sorrindo, mas dessa vez os meus olhos sorriam comigo!Chegando lá, fui envolvida por uma brisa de gostosas lembranças. Tudo e nada estavam como há 8 anos...
(In)felizmente vendemos a casa. A casa onde cresci. O palco mais importante da minha vida. Ainda não sei dizer se foi bom ou não, pois a casa era como um vínculo com a cidade, um vínculo direto com o meu passado.
Ao entrar na casa, toda empoeirada, senti uma coisa muito estranha. Como se cômodos dela me trouxessem de volta os cômodos preenchidos, como eram antigamente... Eu vi a parede que juntava a diferença fazendo de lá um lugar só. Uma caixinha de surpresa, cheia de brinquedos, aventuras, historinhas e muita gargalhada. Vi o vão da porta da cozinha, que eu e a Ka subíamos...
Várias vezes uma teimosa lágrima tentou escapar de meus olhos...

Subi lá no terraço e olhei a cidade de cima. Respirei fundo: ar limpo! E fiquei olhando, até onde meus olhos conseguiam alcançar.

Fui então dar uma volta pela cidade. A praça e a igreja da matriz são o cartão postal da cidade, na verdade de qualquer cidade pequena. Mas para mim, o cartão postal é o coreto... Ah, esse coreto! Todo domingo a banda tocava no coreto desse jardim. E eu pititiquinha subia no murinho só pra ver a banda tocar...

Como um lugar pode provocar tantas lembranças? Elas estavam tão bem guardadas...
Tanto a casa como a cidade testemunharam muita coisa, tantas estórias e brincadeiras, testemunharam a vida sendo vivida do jeito que tem que ser.


Para muitos é só mais um texto sobre o passado desconhecido de alguém, que só fazem sentido para quem conhece, acompanhado por fotos mal tiradas. Mas para mim é muito mais que isso. Sou fruto do meu passado, sou fruto dessas fotos, e só com sua existência pude preencher este espaço.


Falo muito do meu passado e me prendo muito a ele. Um problema, eu sei. Do presente sinto falta da vida que me fazia viva.
Enfim, ainda volto pra te visitar, minha querida cidade semi-natal!
E na volta, deixei que a lágrima caísse... e fui cantarolando na minha cabeça "e lá de longe, a gente ouvia a tuba do Serafim..."

domingo, 24 de agosto de 2008

Ao F.Y.M.
o telefonema

quero gritar pro mundo e desabafar
e dizer o mal que você me faz

estava finalmente conseguindo
caminhar com minhas próprias pernas
estava finalmente conseguindo
andar de cabeça erguida
estava finalmente conseguindo
não pensar em você todos os dias

quando a vida vai de mal a pior,
você consegue piorar
só de me ligar

de todos os homens
que conheci
e de alguma forma de me relacionei
você, de longe
foi o que mais odiei

me amou
cuidou de mim
se preocupou,
demais
me mimou

pra que me ligou?
por que tudo aquilo falou?
se nos braços dela ficou?

de que adianta não me esquecer
se com ela você quer viver?

quero te odiar
quero te cuidar

te quero
te amo
te espero
será?

o maior deles,
de todos os problemas,
é que não tem porque te odiar
você não fez mais nada
além de me amar

com você,
um sonho vivi
com você,
ser feliz aprendi

e quando juntos
estávamos
sempre falávamos
"e o que a gente tem vai ser pra sempre"

e antes de desligar

você, todo meigo, falou

e ainda é...

** I hate me more, because I can't hate you!! **



domingo, 10 de agosto de 2008

Me afastei um pouco do blog, falta de inspiração, bloqueio mental, baixa auto-estima e por aí vai. Obrigada pelos fiéis leitores. Estou de volta! Tentarei postar com mais freqüência... Bom, dia dos pais está aí. E vi nisso uma oportunidade para tentar voltar a escrever e ainda fazer uma dedicatória a ele, meu tutor, meu amigo, meu pai.

Papito, aí vai!!

É difícil falar sobre você, sobre o homem que me criou, que me ensinou a dar os primeiros passos, e a caminhar sozinha.
Você é meu pai há 20 anos, mas é pai há 22 ou um pouquinho mais. Acho que se tornou pai quando soube que a mãe estava grávida. Tão novos, mas souberam administrar bem e nos criar da melhor forma possível.
Vejo tantos tipos diferentes de pais, uns ausentes e outros presentes, amigos e ditadores. E também tantos tipos de filhos, amigos, companheiros. Rebeldes, distantes, fechados. Estudiosos, outros preguiçosos. Bagunceiros, organizados.
Não sei em qual tipo de filha eu me encaixo. Já fui um pouco de cada, e outros ainda sou. Mas sei exatamente o tipo de pai que você é: presente, bravo e estressado (quando necessário, na maioria das vezes), organizado, trabalhador, dedicado àquilo que faz, profissional, cozinheiro, amigo, conselheiro, e acima de tudo, pai! O meu pai. O pai que não dá pra descrever em adjetivos ou substantivos. Porque é mais que isso, é meu, é meu pai. É o homem em quem eu confio. O homem em quem eu acredito. O homem que me apoia, que me fortalece, que me estima, que me faz rir, que brinca comigo e briga também. Sei que tudo o que falou para mim em todas as conversas, brigas e discussões foram para o meu bem. Você almeja o meu melhor, sempre. E eu te agradeço hoje, em especial, nesse dia, talvez só comercial, mas é o dia que você pode chamar de seu. Você criou duas filhas que, modéstia a parte, se tornaram ótimas pessoas. Graças a você e a mãe.
Vocês são os pilares mais importante de nossas vidas. Tenho certeza que posso falar isso pela Ka, ela até poderia acrescentar detalhes a mais e dar graça e alegria a esse texto, assim como ela faz em todos os momentos de nossas vidas.
Enfim, você não sabe a honra que é ser sua filha e poder te chamar de pai todos os dias.
Poderia escrever inúmeras linhas e tentar fazer uma dedicatória mais bonita e perfeita que essa. Mas vou aproveitar o meu tempo, o nosso tempo que está se tornando cada vez mais escasso, mas que não hei de deixar que ele se acabe.

Amo você! Ou melhor, amamos você ^^




sexta-feira, 11 de julho de 2008

Tela em branco

Pegue o seu pincel e comece a pintar a tela em branco. Mas não se esqueça, mude de cor, altere, alterne, pinte.
Certa vez ouvi a seguinte frase: a vida é da cor que você pinta.
Em branco, tenho certeza que minha tela não está. Mas, de que cor eu tenho pintado a minha vida?
Quem dá significado às cores, me explique, por favor, que cor é essa que preenche meus dias de angústia e tristeza? Que cor eu devo pintar meus dias daqui para frente?!
Qual a cor da dor, qual a cor do amor, qual a cor da liberdade, qual a cor da falta dela, qual a cor do desejo, qual a cor do pecado, qual a cor do verão, qual a cor do inverno, qual a cor do hoje, qual a cor do amanhã? Sempre há, pelo menos, duas cores para cada objeto de estudo. A cor do antes e a cor do depois. A cor do seu significado e do seu significante.
A minha tela não é composta apenas por mim, mas eu escolho quem irá fazer parte dela. E escolhas sempre são escolhas, há 50% de chance de acerto e 50% de chance de erro. A margem de erro é de acerto é igual, basta arriscar. Não existe um "liquid paper" para a tela da vida. E também não adianta lamentar a vida toda por um risco fora do lugar. Eu deixei que ele fosse feito, e pode ser que eu mesma o tenha feito. Ele está lá. A vida foi marcada, e assim ela será por riscos certos ou errados, programados ou não.
Nem sempre terei um pincel a mão, e quando não o tiver, pintarei a dedo. Acredito que ninguém nasceu artista, mas todos morrerão como um.
A tela que eu pinto nada mais é que o retrato da minha própria vida. Chego a pensar que não pintamos uma tela só, são telas e telas para, no final da vida termos uma pinacoteca.
A cor é a essência. A cor é a vida. E ao mesmo tempo, ela é a morte.
A cor da última pincelada, é na verdade, todas as cores juntas, que pode ser, ou branca ou preta. A luz branca é a mistura de todas as cores, como no Disco de Newton, mas a junção de todas também pode ser preta, mas o modo de ver é diferente para cada um.
Se tirasse uma foto agora, qual seria a cor do meu retrato? Eu estou bem nele? Que cor transparece?

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Me questiono, me critico e amadureço mais um pouco...

Mundo invertido


Li um texto que escrevi em 2005, logo após uma crise. Peguei sua estrutura, idéia principal, transformei-o e o atualizei...
Começava questionando o seguinte: “As pessoas pedem para eu sorrir, para eu ser feliz, mas por quê? Por que temos que ser felizes, por que temos que ser o que o mundo quer e não o que desejamos ser?” Agora eu indago a minha própria questão; e se eu for o que eu desejava ser, isso me fará feliz? E referente à felicidade da primeira frase, não tem que ser feliz, não é uma obrigação. Mas é o modo mais fácil de encarar a vida, seus problemas e obstáculos, e vivê-la em sua plenitude.
Não quero parecer uma rebelde sem causa, ou com causa. Só questiono retoricamente sobre estes assuntos que já foram muito discutidos. Eles me indignam, eles me inquietam, e ainda mais agora que estou abrindo os meus olhos para o mundo e me tornando uma jovem pensante e crítica (para o bom sentido).
“O mundo é cheio de regras e normas, por que temos que segui-las?” Ora, sem elas o mundo estaria literalmente de pernas para o ar, invertido, do avesso, ao contrário e todos seus sinônimos. Mas uma coisa que me incomoda com essa inversão do mundo, é o fato do respeito, da compreensão, da ética, estarem escassos. As pessoas não entendem umas as outras e “pré-julgam” sem terem condições de fazê-lo. Criticam uns aos outros sem olhar para o seu próprio erro. Você faz parte do todo, diz Morin. Não olhe só para o seu umbigo, o mundo é mais que você. Saia do seu próprio mundo, aprenda sobre a vida, para um dia você conseguir chegar a conclusão que não sabe nada e motivar-se a estudar mais para saber menos. Quanto mais se estuda, mais se aprende sobre o mundo, e percebe o quão grande ele é.
O mundo é um só, então por que dividi-lo em classes? A globalização foi feita para juntar ou para elitizar mais?
Nesse mesmo texto eu questionava sobre a validade da vida e escrevi: “Para que nós devemos viver? Nascemos, brincamos, descobrimos a vida, crescemos aos poucos. Estudamos, casamos, temos filhos, trabalhamos e morremos. Você já pensou na vida desse jeito, será que vale a pena? A gente faz tudo isso para no final morrer?”
Agora eu mesmo respondo: se desde o momento que nascemos pensarmos na morte, acabamos não vivendo. Eu via a vida como algo mecânico. Lógico que viver vale à pena. A vida é mágica. E descobrir os nossos semelhantes é fascinante! Ver que algo que você disse repercutiu em alguma ação ou pensamento positivo é muito gratificante. Dar risada com os amigos, ver filmes, ler, brincar, dormir, sorrir, sorrir muito, chorar, odiar, amar... todos estes verbos no infinitivo nos mostram que estamos vivos! Fazem-nos viver. Não só viva a vida, sinta!
O tempo passou, eu cresci e a angústia comigo. Estou prestes a desistir, desacreditada estou, que um dia ela vai embora. Ainda tenho um medo absurdo de crescer. De olhar para fora, de caminhar com as minhas próprias pernas. Mas o tempo não pára.
Termino falando novamente da felicidade (ela está em todos os momentos). “Em que parte da vida a gente realmente é feliz?! A felicidade das pessoas é real? Vivo num mundo de mentiras, falsidades que todos aprenderam a conviver.”
A maioria das pessoas são falsas em algum momento, com elas mesmas e com as outras pessoas. Umas se acostumaram tanto, que a sua falsidade é a sua realidade e aquela é uma mescla dos dois. Mas a felicidade não tem muito a ver com isso, eu acho. Deixe os problemas de lado, se preocupe menos com o que o outro vai pensar sobre você e carpe diem!! (Se um dia descobrir como se faz isso, me conte, por favor!)
Cada um tem a sua felicidade e o seu motivo para ser feliz. Não sei se existe alguém que seja feliz, mas acho que existe alguém que está feliz. Este alguém pode estar feliz quase o todo tempo, mas ainda sim existe a diferença entre ser e do estar!
Uma vez ouvi falar sobre a comparação do clima e do tempo para com a diferenciação da auto-estima da depressão. Ajusto a comparação e (re) defino: penso na nossa vida como sendo o clima de uma determinada região, ele ordena como ela prossegue ao longo do ano, por anos a fio. As estações, então, correspondem ao nosso estágio de humor. E o tempo sendo a pequena variação que ocorre para o clima da região; para o nosso humor. É o tempo que guia a nossa vida. Ele muda constantemente, mesmo dentro de um determinado clima. Somos uma "metamorfose ambulante”, já dizia Raul.

domingo, 29 de junho de 2008

Às vezes as idéias concretas e claras não vêm a mente... e idéias e imagens entrecortadas e abstratas precisam ser expressadas...


Sentada no sofá, o filme “Antes do amanhecer” rodando no DVD... já decorei suas falas, nem legenda eu preciso mais. Enfim, começo a lembrar da discussão que tive há pouco com o ex-meu professor Renato Tardivo (já um mestre mesmo antes de ser) sobre o Lavoura, o tempo e as relações que temos com ele. Ser em si, de Merleau Ponty, quase consigo entender...

O Renato me explicou sobre os cortes que fazemos no mundo, e assim marcamos o tempo – passado e futuro, e os vivemos no presente.

Coitado, devo estar falando tudo errado e ele se esforçou tanto para me explicar. Eu entendi, mas é complexo, tão complexo este assunto, que eu não sei se um dia eu conseguiria explicar e/ou ainda expressar isso, aqui, em poucas linhas.

Mas faz tanto sentido, sempre estamos tentando nos encontrar... o escoamento de si para si!

O que me faz lembrar de uma aula sobre Freud e sua teoria do complexo de Édipo. A minha ex-professora Soraia (grande profissional) disse, dentre muitas coisas, que para ele, a menina desde pequena sente-se incompleta por não ter um pênis. E que esse sentimento é para vida toda.

Desculpe-me Freud, sei que ainda não o estudei por completo, só demos uma pincelada em sua teoria, mas não concordo muito com essa parte não. Não me sinto incompleta por não ter este órgão sexual masculino, mas confesso que me sinto incompleta às vezes. Estou sempre em busca de mim mesma. E isso é tão cansativo...

E o propósito de escrever tudo isso, ou de simplesmente escrever, escapou por entre meus dedos novamente.

*a música toca, eles se aproximam...

Dá para ouvir a respiração do outro. E ela transmite toda emoção, todo nervosismo...

Ela o olha, ele a olha e ela desvia o olhar... e isso se repete*

Trecho do filme Antes do Amanhecer.

“[...] You have no idea where I came from

We have no idea where we’re going*[…]”

*We’re always going home…

“I carry you

You’ll carry me

That’s how it could be

Don’t you know me?

Don’t you know me by now?”

domingo, 22 de junho de 2008


Arrisquei-me a escrever meu primeiro conto em inglês...

Gloomy day

Light raindrops falling on the city on a cold and grey Sunday morning. The branches of the trees dancing in the wind and dry leaves falling on the ground, on a typical autumn day.Sofia opened her brown eyes and, still a little sleepy, rubbed her eyes, stretched and yawned lazily. Finally, she awaked.The light of the new day came in through her bedroom window. She was still lying in bed while she looked at that delicate dance, and at the raindrops on the leaves and window pane.
The gloom of the day became her own gloom. She decided to stay in bed little bit longer.
Nestled in her bed, she moved her eyes away from the window and her eyes met themselves. A mirror.

Looking deep into the mirror... she ceased to see a clear reflection of herself, the image became blurry...


Agradeço à mamãe Alice pela revisão da tradução!!



domingo, 15 de junho de 2008

À Karen

“Estou farto do lirismo comedido [...]
Quero antes o lirismo dos loucos”

Hoje, não me preocuparei com a estrutura do texto, só em tecê-lo.
Peguei um cantinho deste blog para falar sobre você...

Menina de olhar marcante
Menina de sorriso único
Menina delicada, meiga e forte... tudo ao mesmo tempo!
Menina que está se tornando mulher

Pessoa muito especial em minha vida!
Uma doce madrugada e eu aqui, pensando exclusivamente em você.
Me “tele transportei” para a nossa infância.
Você, sempre tão animada, cheia de amigas e eu a tira colo. Muito falante, sorridente e extrovertida. Espere. Você tinha vergonha de pedir coisas às pessoas estranhas. Na padaria Radi, por exemplo, você lembra? E eu o fazia por você.
Aquela casa, aquele cheiro. Interior. Nossas brincadeiras. Sorrisos. A sala cor-de-rosa. Os azulejos e ladrinhos. O sobrado. O terraço. O quarto rosa e amarelo. As caixas de brinquedos. As risadas. As intermináveis apresentações. A vida. A infância. Nós.
Sempre quando tinha medo no meio da noite, te chamava e você estendia a mão.
Te acordava todo sábado de manhã te chamando para brincar. E toda noite te fazia inventar historinhas.
Você me ensinou a falar palavras com “R” (Pa-ra-to => prato), na escada de entrada. A mesma escada do nosso “Restaurante escadão”, lembra?
Pessoa muito essencial em minha vida!
O pai, a mãe, você e eu. Brincamos juntos. Pista, buraco, jogos de tabuleiro, bixiguinha d’água, piscina... e crescemos.
Passo para a nossa adolescência. Mudamos. E você comigo. Fizemos “teatro, artesanato e fomos viajar”. Você me explicava coisas sobre a vida, as coisas boas e ruins. Trocamos idéias, experiências e conselhos.
Nos afastamos às vezes, não é?! Mas estaremos sempre ligadas pelo cordão umbilical da mãe. E pelo laço de amizade que criamos ao longo desses anos.
Vendo uma cena natalina de um filme qualquer que está passando em algum Telecine, lembro-me automaticamente dos nossos natais. Como eles eram bons... mas agora me questiono se eles eram tão bons porque éramos crianças e tudo era mágico, ou se porque, ele era realmente bom. Enfim.
A magia se perdeu... mas o amor que nos une ficou.
Veja, Ka, olhe para nós. Ultrapassamos a idade de nossas Barbies. E você está do meu lado. E eu estou do seu. Moramos separadas, estamos dando rumo às nossas vidas.
Temo o dia em que você não esteja mais do meu lado para me dar a mão e acalmar meu coração, acariciando meus cabelos.
Sentirei falta dos dias em que sentávamos na cama e conversávamos sobre a vida. Suas mãos, sempre tão leves, segurando as minhas.
Nê, se crescer for te afastar de mim, peço que voltemos a ser crianças...
Você vai para fora, mas com certeza deixará um pouquinho de si em cada um de nós. Mas em mim, deixará mais que isso, deixará lembranças, cheiros, saudades, e um vazio. Um vazio este, que ninguém substituirá.
Você deixou aqui mais que uma irmã, deixou uma amiga... "Amocê!"
Vá vivendo aí, que eu vou vivendo aqui, daqui a pouco nos reencontramos e sentaremos na cama para conversarmos sobre a vida, novamente. Te espero...

*Have a nice trip*

sábado, 7 de junho de 2008

Palavras no mundo

Preciso escrever, alguma coisa pelo menos. Minha mente me impossibilita. Temporariamente, talvez.
Palavras. Onde as encontro? Há algum lugar onde posso pegar e colocá-las em ordem? Mesmo se tivesse, não conseguiria formular um texto. Pois nem só de palavras se constrói um. Um conto, um texto, uma critica, um poema, vão muito além do mundo das palavras. Também não são só idéias, é muito mais. É tudo junto, é o mundo, é o todo, é cada um, é você e sou eu.
Então como escrever se não tenho tudo isso, nem palavras, nem idéias?
Uma vez me disseram que quanto mais se lê, mais vocabulário se tem. E que as idéias vêm junto... Mas parece que isso não aconteceu comigo. Eu que não lia muito, quando passei a ler mais minha mente bloqueou a minha criatividade para escrever.
Entrei no mundo dos blogs esse ano. E sabe, há alguns muito bons e outros totalmente superficiais. Tento me ater aos bons, claro.
Achei um, meio que sem querer, e não consigo parar de lê-lo. É incrível como tudo que a gente escreve tem um pouquinho de nós...
Ok... eu conheço o dono desse blog. E a minha fascinação só cresce a cada dia *ele não sabe disso*. Não sei se é por ele ou pelo que ele escreve. Mas ao mesmo tempo em que ele me inspirou, ele me bloqueou.
Extraordinário como se dá o rumo das coisas... Preenchi linhas, rasguei o mundo.
Mas agora não me sai da cabeça o dono daquele blog. Aliás, ele tem estado comigo em vários momentos de meus dias, ultimamente.
Inteligência me chama atenção, ele me chama atenção. Seu sorriso, manias, seu jeito de andar e de falar, suas palavras. Ah, palavras... são poderosas. Principalmente para psicólogos. Uma única palavra pode mudar um contexto, não é?! Faz toda diferença...
Pensando melhor, é através dela que o mundo acontece. O mundo é feito de palavras e estas, por sua vez, são originárias deste cosmo.
Não conheço palavras rebuscadas, mas conheço conjunções, figuras de linguagens e não faço erros de concordância... Até que ponto tudo isso é importante? Quando uma palavra tornar-se-á mais importante que seu significado?
Elas ferem, elas marcam. Ele também.
Te quero, te desejo... quero possuir, possuí-las, e quero ser embriagada por ambos. Ele e as palavras se confundem, são um só.
E num sonho, me perco nele e em sua boca. No que exala dela... não só sorrisos, não só palavras. Mas além de tudo isso, é um pouco dele que é jogado no mundo. E é um pouco dele que possuo. E é um pouco de mim... que as palavras possuem.

domingo, 25 de maio de 2008

Ao meu eterno amigo
Quase

Quase não te reencontrei
Quase não me apaixonei
Quase não abandonei(quase) tudo por você
Quase não te amei perdidamente
Quase morri ao te perder
Quase consegui passar um dia sem pensar em você
Quase te esqueci...
Mas consegui me esquecer ao te amar
Quase consegui te odiar
Quase consegui lembrar de mim
Quase parei de te amar
Quase consegui me apaixonar de novo
Você, quase deixou
Quase te esqueci
Mas no final desisti
Quase parei de sorrir
Quase deixei de ser feliz
Obrigada, obrigada por quase sempre estar por aqui...

domingo, 18 de maio de 2008



Primeiro conto descritivo.

Retorno para o meu apartamento aqui em São Paulo. Com certeza não um lar, só um lugar para viver meus dias durante a semana.
Tarde da noite, pego um caderno e uma lapiseira e começo a descrever meus sentimentos, como se tentasse retirá-los de mim e deixá-los aqui.
Recentemente estou me sentindo estranha. Como é que uma pessoa consegue fazer isso comigo? Tenho medo do que possa estar sentindo.
Relembro de minhas antigas paixões, do meu único e primeiro amor. E este sentimento não é igual a nenhum deles. Nunca me senti assim...
Ah!, seu sorriso, lindo... Te vi há alguns meses pela primeira vez, e não senti nada. Ocorre-me agora a primeira vez que você chamou minha atenção... *segredo*
Quando sei que vou te ver, um sorriso bobo e inocente toma meu rosto. No dia anterior acabo indo dormir bem tarde, como de costume. Mas meus pensamentos são inteiros seus. Às vezes a realidade e o sonho se confundem. Deitada em minha cama, com os olhos bem pesados, adormeço.
... desperto! Manhã fria, São Paulo é sempre assim. Ou não, talvez eu que tenha frio demais.
Abro um sorriso! Vou te ver hoje!! As horas do meu dia passam arrastadas... Levanto, ainda de pijama, vou até a cozinha e pego algo para comer. Vejo um pouco de TV e olho no relógio - 10:30. Preciso fazer o almoço, penso. Mas desisto da idéia. Eu, envolta ao meu aconchegante cobertor cor-de-rosa, decido ficar mais um tempo em frente à TV, vendo algum programa totalmente masscult. Um seriado, provavelmente.
TIC-TAC-TIC-TAC-TIC-TAC (Estágio 1)
Olho no relógio novamente - 12h. Levanto e vou preparar meu almoço.
Leio um pouco, estudo a matéria do dia. Procuro em um jornal por empregos e listo as vagas disponíveis - vida de universitária desempregada.
Olho no relógio - 16h. Está chegando, está chegando a hora!! *hihi*
Pego o livro - Ensaio sobre a cegueira, de José Saramago - e continuo minha leitura (muito bom o livro, recomendo!). Quando lemos o tempo parece que passa mais rápido. O tempo é relativo, tudo é!
De novo, olho no relógio, finalmente 18h. Vou tomar banho e me arrumar. Vou te ver, vou te ver! (Estágio 2)
Na ida para a faculdade vou pensando em você. Como será que você vai estar vestido? Qual a cor da sua roupa? Azul, talvez. Mas escura, sempre escura. E quanto aos seus sapatos? Vai estar com seu tênis preto da Nike, ou com sua papete(*muito fofo*), ou quem sabe com o seu sapato marrom, ou seria beje? E seu relógio, o de correia de plástico ou de alumínio? S
eu cabelo deve estar graciosamente desarrumado, como sempre. E sua barba por fazer. Penso eu.
Chego
logo a faculdade e espero te encontrar no corredor do prédio antigo, talvez em frente à sala de aula...
Perdida em meio aos meus pensamentos e
devaneios, te encontro. Você vem em minha direção. *Meu coração bate mais forte, e me dá friozinho na barriga*. Você, como num milagre, sorri para mim. Aquele sorriso que eu tanto gosto, que compõe à sua feição meiga e ao mesmo tempo séria. (Estágio 3) Você pára na minha frente e fica me olhando, profundamente dentro dos meus olhos. Da mesma forma que te olho, em todas as vezes que te encontro. Seu olhar é tão meigo, tão oblíquo, como diz a minha amiga. Aquele olhar que diz muito, que guarda histórias e muita sabedoria. Te admiro, sabia? O resultado dessa admiração foi esse sentimento inominável.
De súbito suas mãos tocam as minhas. (Estágio 4) Seus dedos se entrelaçam aos meus, seu olhar se intensifica e seu sorriso me ilumina.
10, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1 - ESTALO!
...o despertador toca e eu acordo. Às vezes o sonho se confunde com a realidade, relembro.
Meu dia se sucede praticamente da mesma maneira que havia sonhado. E passo meu dia sonhando. É difícil saber se estou sonhando que estou escrevendo agora ou se estou acordada sonhando com você...
Olho no relógio, 18h, vou me arrumar. Vou te ver, vou te ver!
E agora é de verdade.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

14 de maio de 2008, quarta-feira

Trancada num cubo. Sentada encolhida no canto. Olho a minha volta e o que vejo? Azul. Sim, paredes inteiras pintadas de azul. Olho para cima, desesperadamente procurando uma saída e vejo uma luz. Muita claridade acaba por incomodar.
Respiração ofegante, rápida. Coração batendo apertado no peito. Pode-se ouvir um palestrante lá fora, falando sobre o Estado, crime, ONGs... e coisas que não me fazem o menor sentido agora. Não que eu não concorde mas simplesmente agora nada disso me interessa e um grito preso na garganta me agonia cada vez mais.
Sem pensar muito retiro um estilete do meu bolso, arregaço a manga do braço direito... E a ponta cortante entra em contato com a minha pele, branca e nova.
Dor? Nada dói mais que essa angústia no peito que me dá vontade de gritar, de quebrar coisas, de brigar, de chorar, de me matar, de desaparecer... mas eu me calo. Sempre me calo!
E a psicóloga - a palestrante no momento, Marisa sei-lá-o-quê - está falando sobre a política, subjetividade. Não podemos aceitar tudo que acontece(Psicologia Social). "Nós estamos aqui para fazer história", ela inicia sua fala. Que porcaria de história eu estou fazendo??
Saio do pequeno cubículo e minha amiga olha para mim perguntando se eu estou bem. Meu braço ainda sangra. E eu não consigo lembrar como tudo aquilo aconteceu, como meu braço está todo cortado...
Eu viro e dou um sorriso, com aquela cara de "perdida", com uma feição triste e confusa, digo que sim com a cabeça e retornamos ao grande auditório. Nem meio cheio, nem meio vazio.
Alunos, estudantes de psicologia, prestando atenção aos palestrantes, tentando retirar toda informação que lhes é concebida. Alunos com sede de sabedoria, de conhecimento. Ou aparentam ter... Não dá pra saber o que se passa na cabeça de cada um. Nem na minha eu sei!
Volto e sento na minha meia poltrona, meia cadeira, acolchoada e almofadada azul. Paredes e chão cinzas... 2 cores, elas me remetem a alguma outra coisa? Não, somente a um grande vazio ao qual já estou acostumada a viver. Passa a ser minha moradia permanente, triste e sozinha. A solidão. Ela vive dentro de mim ou eu que vivo dentro dela? Meu dilema!
Cansada, só isso, penso. Exausta! Morte! Choro! Desespero! Tristeza! Felicidade! Agonia! Dor! Grito! Grito! Grita! Vai grita, grita! Deixe os demônios saírem em forma de palavras pela minha boca! Medrosa! Covarde: morte não leva a nada! COVARDE! GRITA! Nem isso você consegue... Não quero mais me cortar. Mas impossível não fazê-lo qaundo a dor(da angústia) é insuportável e perco a consciência!!

domingo, 20 de abril de 2008

Lembranças...

Passeando por aí, vejo casais prometendo amor eterno, fazendo juras de amor. E penso na veracidade de tudo isso! Uma vez me disseram que podemos amar uma única pessoa na vida. E fiz disso a minha verdade, a minha ideologia. Passei anos procurando o amor verdadeiro, mas como saber quando o encontrar? Sua mão se encaixará perfeitamente com a minha e quando nos beijarmos fogos de artifícios iluminarão o céu, como diz no filme "As sete regras para o amor", de Harry Winer? Ou então minha perna irá subir com o primeiro beijo, como em "O diário da princesa", de Meg Cabot? Romances a parte, não é muito diferente a maneira que, nós, o "sexo frágil", imaginamos o primeiro beijo, ou então encontrar o amor verdadeiro - o "Mr. Right". Mitos e histórias rondam esse assuntos há muito tempo. Amor é um tema complexo, ninguém sabe o que ele realmente é, o que sentimos quando ele nos domina, mas todos falam dele. "É melhor vivê-lo do que passar a vida inteira tentando descobrir o seu significado", by Yukio!

...

Descobri que o amor não é eterno, que o mundo não é cor-de-rosa, e que existem vários amores, amamos as pessoas de jeitos diferentes, pois existem várias pessoas e cada uma delas têm um jeito particular de ser. São os pequenos gestos mundanos que nos chamam atenção, que nos atraem. Se apaixonar-se é fácil, difícil é amar... e quando amamos, o difícil é perder... e quando perdemos, o difícil é aceitar... e o mais difícil de tudo isso é "esquecer", seguir em frente e acreditar que todas aquelas juras de amor não foram em vão e só da boca pra fora.

...

Já tentou parar no tempo só por uns segundos? É de dar medo, estamos realmente sozinhos mesmo que em meio a uma multidão.
Quando estamos cercados por pessoas que amamos nos sentimos seguros. E quando uma ou "a" pessoa teoricamente vai embora, nos falta chão. Nos falta ar. E os olhos ficam marejados o tempo todo. E a fome some. Ou em alguns casos vem em demasia para aliviar a dor. Uns choram. Outros se calam. E o espaço que ocupamos no mundo parece muito maior do que era. E a angústia toma conta de nós, estamos sozinhos. Definitivamente sozinhos. E não vemos absolutamente nada em nossa frente.

...

Me senti perdida, desamparada. A perda é algo com a qual não aprendi a lidar. E a dor que antes era insuportável, virou uma cicatriz da qual nunca vou me livrar. A perda, não exatamente da morte em si, mas a perda de maneira geral, causa isso... quando perdemos algo ou alguém que nos marcaram de alguma forma, sim, são lembranças boas e cicatrizes que não nos deixarão esquecer, jamais.

...

Se eu amo ou não a pessoa perdida em questão, é óbvio que sim. Mas de uma maneira particular. Um amor das lembranças. Lembranças de momentos, de palavras, de olhares, de sorrisos... Mas elas não vão me impedir de continuar a construir novas, com novas pessoas...

Complemento...

"... mas que seja infinito enquanto dure"

Os ombros suportam o mundo

sábado, 19 de abril de 2008

Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.


Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.


Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teu ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.


Carlos Drummond de Andrade