sexta-feira, 11 de julho de 2008

Tela em branco

Pegue o seu pincel e comece a pintar a tela em branco. Mas não se esqueça, mude de cor, altere, alterne, pinte.
Certa vez ouvi a seguinte frase: a vida é da cor que você pinta.
Em branco, tenho certeza que minha tela não está. Mas, de que cor eu tenho pintado a minha vida?
Quem dá significado às cores, me explique, por favor, que cor é essa que preenche meus dias de angústia e tristeza? Que cor eu devo pintar meus dias daqui para frente?!
Qual a cor da dor, qual a cor do amor, qual a cor da liberdade, qual a cor da falta dela, qual a cor do desejo, qual a cor do pecado, qual a cor do verão, qual a cor do inverno, qual a cor do hoje, qual a cor do amanhã? Sempre há, pelo menos, duas cores para cada objeto de estudo. A cor do antes e a cor do depois. A cor do seu significado e do seu significante.
A minha tela não é composta apenas por mim, mas eu escolho quem irá fazer parte dela. E escolhas sempre são escolhas, há 50% de chance de acerto e 50% de chance de erro. A margem de erro é de acerto é igual, basta arriscar. Não existe um "liquid paper" para a tela da vida. E também não adianta lamentar a vida toda por um risco fora do lugar. Eu deixei que ele fosse feito, e pode ser que eu mesma o tenha feito. Ele está lá. A vida foi marcada, e assim ela será por riscos certos ou errados, programados ou não.
Nem sempre terei um pincel a mão, e quando não o tiver, pintarei a dedo. Acredito que ninguém nasceu artista, mas todos morrerão como um.
A tela que eu pinto nada mais é que o retrato da minha própria vida. Chego a pensar que não pintamos uma tela só, são telas e telas para, no final da vida termos uma pinacoteca.
A cor é a essência. A cor é a vida. E ao mesmo tempo, ela é a morte.
A cor da última pincelada, é na verdade, todas as cores juntas, que pode ser, ou branca ou preta. A luz branca é a mistura de todas as cores, como no Disco de Newton, mas a junção de todas também pode ser preta, mas o modo de ver é diferente para cada um.
Se tirasse uma foto agora, qual seria a cor do meu retrato? Eu estou bem nele? Que cor transparece?

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Me questiono, me critico e amadureço mais um pouco...

Mundo invertido


Li um texto que escrevi em 2005, logo após uma crise. Peguei sua estrutura, idéia principal, transformei-o e o atualizei...
Começava questionando o seguinte: “As pessoas pedem para eu sorrir, para eu ser feliz, mas por quê? Por que temos que ser felizes, por que temos que ser o que o mundo quer e não o que desejamos ser?” Agora eu indago a minha própria questão; e se eu for o que eu desejava ser, isso me fará feliz? E referente à felicidade da primeira frase, não tem que ser feliz, não é uma obrigação. Mas é o modo mais fácil de encarar a vida, seus problemas e obstáculos, e vivê-la em sua plenitude.
Não quero parecer uma rebelde sem causa, ou com causa. Só questiono retoricamente sobre estes assuntos que já foram muito discutidos. Eles me indignam, eles me inquietam, e ainda mais agora que estou abrindo os meus olhos para o mundo e me tornando uma jovem pensante e crítica (para o bom sentido).
“O mundo é cheio de regras e normas, por que temos que segui-las?” Ora, sem elas o mundo estaria literalmente de pernas para o ar, invertido, do avesso, ao contrário e todos seus sinônimos. Mas uma coisa que me incomoda com essa inversão do mundo, é o fato do respeito, da compreensão, da ética, estarem escassos. As pessoas não entendem umas as outras e “pré-julgam” sem terem condições de fazê-lo. Criticam uns aos outros sem olhar para o seu próprio erro. Você faz parte do todo, diz Morin. Não olhe só para o seu umbigo, o mundo é mais que você. Saia do seu próprio mundo, aprenda sobre a vida, para um dia você conseguir chegar a conclusão que não sabe nada e motivar-se a estudar mais para saber menos. Quanto mais se estuda, mais se aprende sobre o mundo, e percebe o quão grande ele é.
O mundo é um só, então por que dividi-lo em classes? A globalização foi feita para juntar ou para elitizar mais?
Nesse mesmo texto eu questionava sobre a validade da vida e escrevi: “Para que nós devemos viver? Nascemos, brincamos, descobrimos a vida, crescemos aos poucos. Estudamos, casamos, temos filhos, trabalhamos e morremos. Você já pensou na vida desse jeito, será que vale a pena? A gente faz tudo isso para no final morrer?”
Agora eu mesmo respondo: se desde o momento que nascemos pensarmos na morte, acabamos não vivendo. Eu via a vida como algo mecânico. Lógico que viver vale à pena. A vida é mágica. E descobrir os nossos semelhantes é fascinante! Ver que algo que você disse repercutiu em alguma ação ou pensamento positivo é muito gratificante. Dar risada com os amigos, ver filmes, ler, brincar, dormir, sorrir, sorrir muito, chorar, odiar, amar... todos estes verbos no infinitivo nos mostram que estamos vivos! Fazem-nos viver. Não só viva a vida, sinta!
O tempo passou, eu cresci e a angústia comigo. Estou prestes a desistir, desacreditada estou, que um dia ela vai embora. Ainda tenho um medo absurdo de crescer. De olhar para fora, de caminhar com as minhas próprias pernas. Mas o tempo não pára.
Termino falando novamente da felicidade (ela está em todos os momentos). “Em que parte da vida a gente realmente é feliz?! A felicidade das pessoas é real? Vivo num mundo de mentiras, falsidades que todos aprenderam a conviver.”
A maioria das pessoas são falsas em algum momento, com elas mesmas e com as outras pessoas. Umas se acostumaram tanto, que a sua falsidade é a sua realidade e aquela é uma mescla dos dois. Mas a felicidade não tem muito a ver com isso, eu acho. Deixe os problemas de lado, se preocupe menos com o que o outro vai pensar sobre você e carpe diem!! (Se um dia descobrir como se faz isso, me conte, por favor!)
Cada um tem a sua felicidade e o seu motivo para ser feliz. Não sei se existe alguém que seja feliz, mas acho que existe alguém que está feliz. Este alguém pode estar feliz quase o todo tempo, mas ainda sim existe a diferença entre ser e do estar!
Uma vez ouvi falar sobre a comparação do clima e do tempo para com a diferenciação da auto-estima da depressão. Ajusto a comparação e (re) defino: penso na nossa vida como sendo o clima de uma determinada região, ele ordena como ela prossegue ao longo do ano, por anos a fio. As estações, então, correspondem ao nosso estágio de humor. E o tempo sendo a pequena variação que ocorre para o clima da região; para o nosso humor. É o tempo que guia a nossa vida. Ele muda constantemente, mesmo dentro de um determinado clima. Somos uma "metamorfose ambulante”, já dizia Raul.