sábado, 29 de novembro de 2008

os violinos tocam

Já era noite quando eles se encontraram. 7 horas era o combinado, ela chegou 15 minutos atrasada como de costume. Mas hoje ele não está com a paciência e o bom humor de sempre, está aflito. Ao invés de palavras doces e aquele delicado beijo, trocam apenas olhares, frios. Ele solta apenas duas palavras, soltas, separadas de qualquer contexto: "de novo".
Entram no restaurante, o maitre já os conhece, sorri.
A tensão entre eles está perceptível aos olhos de todos.
A mesa está pronta. Eles entram. Hoje ele não puxou a cadeira. Enquanto ela se ajeita, ele já vai pedindo a bebida.
- Que pressa é essa, ela pergunta.
Só o silêncio responde, aquele silêncio que dói, que transforma os minutos em horas, aquele silêncio que agonia.

O garçom traz Whisky com gelo para ele. O casal já tem o pedido.
Agora é a espera. Ela insiste numa conversa.
- Como foi o trabalho, meu bem?
A princípio, ele nada responde. Alguns segundos se passam e ele responde cortando a conversa:
- Dia difícil.
Silêncio. Aquele mesmo citado anteriormente.
Nervosa, com a mão direita brinca com o guardanapo de pano, que logo coloca em seu colo.
Ele permanece sério, quase não se move.
Ela olha para os lados, para cima, para baixo. Para ele...
- Desculpe-me pelo atraso. Foi o trânsito.
Ele nada responde.
Ela volta a falar.
- Foi o trânsito, eu juro. Tentei sair mais cedo do trabalho mas não consegui.
Ele nada responde.
- Você não vai responder? Estou falando com você.
Ele nada responde.
Ela finalmente se cala, e resolve esperar em silêncio pela comida.

A comida finalmente chega.

A raiva, a tensão, a angústia, ou seja lá o que eles estavam sentindo, já tomou conta do espaço que os separam.

Ela tenta comer.
Ele mal a olha. É como se estivesse sozinho. Em seu rosto não há movimento, não há expressão.
Ela, cabisbaixa, com o garfo na mão, mexe a comida. Já não tem fome, não tem mais vontade de comer. Está triste, pensativa. "será que ele não me vê?!"

Ele acaba de comer e pede a conta, sem mesmo perguntar a ela se havia terminado.
Levantam, caminham até o lado de fora do restaurante, onde esperam o manobrista trazer os carros.
Lá, ele a veste delicadamente com seu casaquinho. Chega perto de seu ouvido e diz algumas poucas palavras.
Os olhos dela se enchem de lágrimas, e antes que elas pudessem escorrer pelo seu rosto, seus olhos são fechados e eles se beijam...

os violinos voltam a tocar

4 comentários:

Fernando disse...

extremamente visual e surpreendente.
Gostei bastante.

e esse trânsito q acaba com a gente, né? rs

Que seja eterno enquanto dure! disse...

Wow!! I love it!!!
Chon, eh como o Fernando disse...extremamente visual, com detalhes que deixam o conto rico mas nao chato.Adorei! mas como sempre sou assim, eu nao gosto de ficar curiosa!! hahaha...que que ele disse hein?! hahaha

Sereníssi*mah* disse...

alguns minutos tensos, mas o amor sempre prevalece!

Sabe que este seu conto parece cena de filme?

Mostrou uma nova faceta da sua escrita, este seu texto me lembrou muito o estilo do Fernando de escrever, já falei isso, né?

Bem, que vc é ótima nisso eu nem preciso repetir!

P.S.: Vai agora fala a verdade, vc não começou este ano, né??!

uauhahuaa

**Beijoo Baka!

Sereníssi*mah* disse...

P.S.²: Saudade dos tempos em que eu era a primeira a comentar no seu blog... é a vida tá sempre mudandooo...

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