quinta-feira, 15 de maio de 2008

14 de maio de 2008, quarta-feira

Trancada num cubo. Sentada encolhida no canto. Olho a minha volta e o que vejo? Azul. Sim, paredes inteiras pintadas de azul. Olho para cima, desesperadamente procurando uma saída e vejo uma luz. Muita claridade acaba por incomodar.
Respiração ofegante, rápida. Coração batendo apertado no peito. Pode-se ouvir um palestrante lá fora, falando sobre o Estado, crime, ONGs... e coisas que não me fazem o menor sentido agora. Não que eu não concorde mas simplesmente agora nada disso me interessa e um grito preso na garganta me agonia cada vez mais.
Sem pensar muito retiro um estilete do meu bolso, arregaço a manga do braço direito... E a ponta cortante entra em contato com a minha pele, branca e nova.
Dor? Nada dói mais que essa angústia no peito que me dá vontade de gritar, de quebrar coisas, de brigar, de chorar, de me matar, de desaparecer... mas eu me calo. Sempre me calo!
E a psicóloga - a palestrante no momento, Marisa sei-lá-o-quê - está falando sobre a política, subjetividade. Não podemos aceitar tudo que acontece(Psicologia Social). "Nós estamos aqui para fazer história", ela inicia sua fala. Que porcaria de história eu estou fazendo??
Saio do pequeno cubículo e minha amiga olha para mim perguntando se eu estou bem. Meu braço ainda sangra. E eu não consigo lembrar como tudo aquilo aconteceu, como meu braço está todo cortado...
Eu viro e dou um sorriso, com aquela cara de "perdida", com uma feição triste e confusa, digo que sim com a cabeça e retornamos ao grande auditório. Nem meio cheio, nem meio vazio.
Alunos, estudantes de psicologia, prestando atenção aos palestrantes, tentando retirar toda informação que lhes é concebida. Alunos com sede de sabedoria, de conhecimento. Ou aparentam ter... Não dá pra saber o que se passa na cabeça de cada um. Nem na minha eu sei!
Volto e sento na minha meia poltrona, meia cadeira, acolchoada e almofadada azul. Paredes e chão cinzas... 2 cores, elas me remetem a alguma outra coisa? Não, somente a um grande vazio ao qual já estou acostumada a viver. Passa a ser minha moradia permanente, triste e sozinha. A solidão. Ela vive dentro de mim ou eu que vivo dentro dela? Meu dilema!
Cansada, só isso, penso. Exausta! Morte! Choro! Desespero! Tristeza! Felicidade! Agonia! Dor! Grito! Grito! Grita! Vai grita, grita! Deixe os demônios saírem em forma de palavras pela minha boca! Medrosa! Covarde: morte não leva a nada! COVARDE! GRITA! Nem isso você consegue... Não quero mais me cortar. Mas impossível não fazê-lo qaundo a dor(da angústia) é insuportável e perco a consciência!!

5 comentários:

Que seja eterno enquanto dure! disse...

Amor!O texto é deseperador!! Horrível!! Mas como essa era a idéia..está ótimo!!!Amo você!! Mais do que você imagina!!Beijos..

Unknown disse...

Oiiiiiiii

Miga
(espero que dessa vez msg va)
Miga estou sem comentarios , da um aperto no coração ler isso que escreveu , me perdoa por não poder estar a todo tempo a seu lado , mais eu farei o possivel, Não posso tirar esse sentimento de voce ,mais estou aqui para lhe ouvir , e se precisar para chorarmos juntas ^^

amo voce , voce sabe que estarei sempre aqui para o der e vier
te amoooooooo

Heloisa Emy disse...

Mostrei esse meu texto para diferentes pessoas. Amigos, professores, ex-namorados, psicólogos e obtive diferentes comentários que me serão válidos para sempre. Por isso vim comentar aqui. Muitas, se não a totalidade, das pessoas que leram este texto, chegaram em mim, discretamente para falar suas percepções sobre o texto. Achei de uma incrível delicadeza. Agradeço a todos pelos comentários em particular.
"Ao abrir um buraco para tapar outro não soluciona o problema. Ao abrir vários buracos para tapar um outro buraco, não só não solucionará o problema como a o perigo de cair dentro de outro buraco." BLANCO, P.

Sereníssi*mah* disse...

Depois deste seu último comentário nada mais tenho a dizer.
VOCÊ JÁ DISSE ABSOLUTAMENTE TUDO!

Sereníssi*mah* disse...

Mas a minha opinião com relação ao texto eu não poderia deixar de expressar aqui...

Ótimo, ótimo, ótimo...

Muito bem escrito! Realmente, como a Karen disse, é desesperador! (viu miga, as aulas da Enide estão servindo para alguma coisa!! huauhauahuahua... vc conseguiu "passar a sensação" para o papel!)

Eu já disse, mas não custa repetir... você tem evoluído a cada texto q escreve!
É o q eu sempre digo, para escrever bem, basta q se sinta!
Neste caso, o q me resta (olhando daqui para este sentimento) é que, como disse a sua amiga Paula, mesmo não podendo estar a todo momento com vc, mas estando com vc quase todos os dias por algumas horas, ainda que poucas, farei o possível para ser uma boa ouvinte/amiga/companheira... e tentar fazer com q vc não se sinta tão sozinha aqui em São Paulo!

**Beijão, minha mais nova querida e grande amiga de todas as horas! (reparou q os adjetivos estão aumentando?! Talvez pq a amizade tbm esteja!)