domingo, 29 de junho de 2008

Às vezes as idéias concretas e claras não vêm a mente... e idéias e imagens entrecortadas e abstratas precisam ser expressadas...


Sentada no sofá, o filme “Antes do amanhecer” rodando no DVD... já decorei suas falas, nem legenda eu preciso mais. Enfim, começo a lembrar da discussão que tive há pouco com o ex-meu professor Renato Tardivo (já um mestre mesmo antes de ser) sobre o Lavoura, o tempo e as relações que temos com ele. Ser em si, de Merleau Ponty, quase consigo entender...

O Renato me explicou sobre os cortes que fazemos no mundo, e assim marcamos o tempo – passado e futuro, e os vivemos no presente.

Coitado, devo estar falando tudo errado e ele se esforçou tanto para me explicar. Eu entendi, mas é complexo, tão complexo este assunto, que eu não sei se um dia eu conseguiria explicar e/ou ainda expressar isso, aqui, em poucas linhas.

Mas faz tanto sentido, sempre estamos tentando nos encontrar... o escoamento de si para si!

O que me faz lembrar de uma aula sobre Freud e sua teoria do complexo de Édipo. A minha ex-professora Soraia (grande profissional) disse, dentre muitas coisas, que para ele, a menina desde pequena sente-se incompleta por não ter um pênis. E que esse sentimento é para vida toda.

Desculpe-me Freud, sei que ainda não o estudei por completo, só demos uma pincelada em sua teoria, mas não concordo muito com essa parte não. Não me sinto incompleta por não ter este órgão sexual masculino, mas confesso que me sinto incompleta às vezes. Estou sempre em busca de mim mesma. E isso é tão cansativo...

E o propósito de escrever tudo isso, ou de simplesmente escrever, escapou por entre meus dedos novamente.

*a música toca, eles se aproximam...

Dá para ouvir a respiração do outro. E ela transmite toda emoção, todo nervosismo...

Ela o olha, ele a olha e ela desvia o olhar... e isso se repete*

Trecho do filme Antes do Amanhecer.

“[...] You have no idea where I came from

We have no idea where we’re going*[…]”

*We’re always going home…

“I carry you

You’ll carry me

That’s how it could be

Don’t you know me?

Don’t you know me by now?”

11 comentários:

Que seja eterno enquanto dure! disse...

Hunny! I love your text!!! (agora em português porque nao sei escrever isso em inglês..rsrs)
Concordo com você...eu...acho que nunca senti falta desse orgao! hahaha...
se sentir incompleta acho que é normal...perdida...desamparada...mas quando me sinto assim sempre procuro as pessoas que amo e/ou que me amam...nao porque as pessoas se completem mas porque andam juntas pra encontrarem o que precisam...seja lá o que for..

Amor...nao sei se eu falei besteira...você que é a psicologa aqui pode explicar...hehehe..

Love you a million chocoltes!!

Sereníssi*mah* disse...

ai, ai, ai, Helô...

Sempre que leio textos como este (com algum conteúdo), fico meio desorientada, perco a direção, as palavras...
O que você disse à respeito de se sentir incompleta, e já criando um elo com aquela polêmica aula sobre a teoria Freudiana, o que posso dizer, de acordo com o meu entendimento, é que "o pênis" é apenas uma "metáfora inconsciente" para aquele "algo mais" que falta à todos. Sim, à todos, não apenas às mulheres. Sabe, claro que não sei dizer, senão por referências, porque não sei como é ser um homem, eles também se sentem incompletos, querida, tenho certeza! A diferença é que a alma feminina é naturalmente mais intensa, mais complexa, mais sensível, pelo menos ao meu ver...
A questão é que se soubessemos o que nos falta, não haveria motivo para continuar vivendo. É por isso que todos nós estamos aqui, neste eterno (quem sabe?) buscar por sabe-se-lá-o-quê.
O legal de tudo isto é que a gente encontra muita coisa boa no caminho... e quem sabe não seja este o verdadeiro sentido(?)...

**beijos queridaaa

Viagens a mil!!!

Ana disse...

É a insatisfação que nos move...e ela vem justamente dessa falta de alguma coisa, que a gente não sabe o que é. Freud disse que essa "alguma coisa" da mulher era fácil desvendar por um único motivo...ele era homem.

Seja lá do que você sente falta, saiba, você nunca vai encontrar. A vida é uma constante busca por aquilo que não conseguimos atingir...e se isso te faz feliz pelo desafio ou frustada pela "derrota", depende única e exclusivamente de você.

Alguém de Souza disse...

Não sou menina para saber, mas me pareceu muito machista da parte de Freud essa teoria...alem do mais, axo q somos todos incompletos por natureza, e é essa busca por nos completarmos que faz com que descubramos novas coisas e tenhamos novas experiencias...ótimo texto =)

Dourado disse...

A complexidada desse entendimento do eu se deve por, na verdade, não sabemos realmente o que queremos e que estamos buscando. Como disse a Mara, a real verdade é a busca por descobrir o que queremos buscar. Eu não sei, eu nao sinto que estou perto de saber, mas continuo...

Ótimo texto Helô,parabéns!!!
Viagens a Mil!!!!!!
HAhaha, poderia ser noss bordão, o que acham?

Fernando disse...

eu acho q idéia é justamente essa... a procura é o encontro em si própria.

dificil é tirar da teoria.

ótimo texto e ótimo filme...

Marcelo Francesco disse...

Esse sentimento de castração feminina pela ausência do pênis não é necessariamente ruim... sentir falta pode ser uma necessidade de completude, não um sinônimo de ser faltante por si só...
Os meninos passam a vida com medo de perder o pênis, talvez isso seja mais angustiante... hehe

Claro que as coisas não são tão claras assim, uma coisa é dizer isso para explicar uma teoria e outra é como as coisas se sucedem...

E sobre a "metáfora inconsciente" que a Mara disse... é conhecida como "o Falo" que pra Freud é a representação de poder que tem como simbolo o pênis... para Lacan, o falo é qualquer representação de poder, de completude e não necessariamente ligado ao órgão em questão!!

Assim que eu estiver em casa, vou linkar seu blog!!

Beijosss

Ana disse...

(resposta)

Com certeza cada um nasce com uma personalide já "definida" que é o que difere um individuo do outro. A forma como se encara as coisas, como se lida com as situações advindas do ambiente, variam de acordo com a estrutura da pessoa.
Não existe culpa, existem fatos.

Sereníssi*mah* disse...

Nossaaa, quantas referências à minha pessoa!!!
Desse jeito eu vou ficar encabulada!!!

hehe *-*

Naiade Pinheiro disse...

Olá! =)
Agradeço muitííssimo a visita, e ficaria honrada de poder receber sua visita sempre...
Parabéns! Vc escreve muito bem! E quanto a teoria de Freud, eu também sou obrigada a descordar, pq não me sinto nem um pouco incompleta por não ter um órgão sexual masculino... nós temos um presente maior do que esse, que é poder preparar outras vidas..coisas que os homens não podem!

Obrigada pelo comentário, mais uma vez..e também visitarei sempre o seu blog!

Beijinhos!

Renato Tardivo disse...

sim, muito bem entendido! e, antes disso, muito bem sentido. as "imagens entrecortadas", agora expressadas, tomam forma, ganham corpo.